sábado, 10 de setembro de 2011

o que é um projecto não comercial parte 1


Resumo da espécie de assembleia temática de 6 de Setembro

Correu bem, com muita discussão e algumas posições diferentes. Com a participação de aproximadamente 20 pessoas, a conversa, espécie de assembleia temática, começou na terça-feira passada, dia 6 de Setembro. Ponto único: o que é um projecto não comercial, princípio basilar do Espaço Colectivo Autogestionado do Alto da Fontinha.

Demarcaram-se duas posições em relação a duas situações:
– Se havia donativos ou não, como é que isso funcionaria, é ou não é comercial haver donativo? Para quem vai o donativo? O “chapéu”, logo à partida, é um elemento que pode ser de pressão para que se deixe algo. Publicitar ou não o donativo? Houve quem considerasse que não dizer que se recebem donativos e não se ter um sítio próprio para isso é o mesmo que não haver donativos. E quem questionasse porque é que não se há-de aceitar que haja quem quer dar e quem agradeça receber.
– O Es.Col.A. deve aceitar que a produção final que possa sair das iniciativas que acolhe venha a ser posteriormente trocada por dinheiro? Destacaram-se duas posições: Sim, porque é incontrolável o que cada um fará com o que produzir no Es.Col.A; e porque, sendo este um espaço alternativo aos espaços comerciais, aqui cada um faz pelas suas mãos, não há exploração em termos de espaço físico, nem há quem, no exterior, controle o produto final, o tempo e o modo de criação. Não, porque se queremos que este espaço seja, de facto, uma alternativa, devemos tentar que seja livre de qualquer tipo de troca, directa ou por dinheiro.

A caminho de ser consensual (não se chegou a ver se havia oposições, mas não se manifestaram):
1 – Actividades no Es.Col.A terão que ser sempre abertas
2 – Não se aceitam actividades obrigatoriamente pagas (princípio da entrada livre)
3 – O espírito das actividades propostas deve ser o da partilha e o da solidariedade

Longe de ser consensual:
1 – A hipótese de o projecto se desenvolver até à existência duma oficina no local que sirva (também) para rendimentos pessoais.
2 – O pedido de cedência de uma sala para ensaios para uma companhia de dança. Por se tratar de uma companhia profissional que vai, depois, vender o seu “produto”, a proposta levantou interrogações, apesar de se tratar do mesmo grupo que também se propôs realizar workshops de dança hip-hop livres e abertos a quem quiser participar.
3 – Possibilidade de pedir donativo numa actividade
4 – Donativos que venham de empresas (nem chegou a ser discutido)
5 – Aceitamos donativos em dinheiro? (foi aflorado, mas não aprofundado)
6 – Formas de financiamento do Es.Col.A? (foi aflorado, mas não aprofundado)

Continua a 20 de Setembro, terça-feira, 18h30, no Es.Col.A.

2 comentários:

Miguel Marques disse...

Olá a todos, não consegui estar presente na passada terça-feira mas gostava de deixar algumas ideias sobre estes assuntos. Começo pela segunda parte, a que se chamou: Longe de ser consensual.
1. Discordo da hipótese de o projecto se desenvolver até à existência duma oficina no local que sirva (também) para rendimentos pessoais. Existem locais na cidade onde é este tipo de prática é consensual, como por exemplo Contagiarte, Maus-Habitos, Breyner 85, entre outros espaços e colectividades.
2. Concordo com o pedido de cedência de uma sala para ensaios para uma companhia de dança (…) com regras claras e definidas.
Sem ter feitos nenhum inventário penso que espaços não nos faltam, e que será tarefa das assembleias a decisão quanto à sua utilização. Podemos aceitar propostas de grupos de teatro/dança ou mesmo oficinas gratuitas e abertas a todos que vão produzir objectos destinados a serem vendidos a outras entidades, tendo com a contrapartida de a antestreia dos mesmos seja efectuada no espaço da es.col.a de uma forma gratuita e aberta a todos. A presença e aceitação deste tipo de projectos deve ser limitada no tempo, ou seja, uma companhia/grupo apresentará na proposta de utilização de duração limitada.
Quando a sociedade (os poderes) restringe e policia cada vez mais as temáticas (autores e criadores) passíveis de serem abordadas nas mais diversas áreas artísticas, é preciso um espaço onde essas praticas possam ser realizadas, até porque sabemos que, mesmo sendo objectos posteriormente vendidos, o lucro que possa vir aos criadores pela utilização do espaço para a sua criação poderá nunca vir a pagar o trabalho efectivamente realizado.
É minha opinião que a es.col.a seja um espaço onde todos os artistas que sintam que os seus trabalhos estão a ser recusados porque põe em causa os mais diversos sistemas de cumplicidades (e outros) existentes, encontrassem aqui um espaço temporário de acolhimento e criação das suas propostas.
3 – Estou frontalmente contra a possibilidade de pedir donativo numa actividade pelos motivos apresentado no ponto 1, existem mais que muitos espaços na cidade onde o mesmo pode ser feito.

4. A aceitação de donativos que venham de empresas só seria possível em assembleia com a concordância dos presentes.

5. A aceitação de donativos em dinheiro só seria possível em assembleia com a concordância dos presentes.

6. Formas de financiamento do Es.Col.A?
A Es.col.a será também um espaço de festa e partilha solidária, nesses dias os presentes trazem as comidas e bebidas que entendem, podendo haver um espaço no interior do espaço, quem não quis ou pôde trazer pode comprar uma cerveja ou um café ou que se entender como necessário. Pode dar-se o caso que, as receitas realizadas nestes dias cumpram integralmente a necessidade de financiamento. Como princípio geral as necessidades de financiamento devem ser discutidas pontualmente em assembleia.
7. Ainda sobre questões de dinheiros, penso que, quando tal for proposto e aprovado em Assembleia, podem ser promovidas feiras de livros/objectos/cd’s/DVD’s caseiros onde o lucro reverte para os autores dos objectos.

Nos pontos A caminho de ser consensual.
1 – Concordo que Actividades no Es.Col.A terão que ser sempre abertas, podendo pontualmente ser limitado o número de participantes caso as exigências do projecto ou a limitação do espaço o exijam, estou-me a lembrar da peça de teatro gratuita mas que é destinada a um numero limitado de espectadores ou do ponto 2 da alinha anterior.

2 – Concordo que não se aceitem actividades obrigatoriamente pagas (princípio da entrada livre).

3 – Concordo que O espírito das actividades propostas deve ser o da partilha e o da solidariedade.

Pedro Queirós disse...

Não faço parte do grupo mas já agora deixo a minha opinião. Concordo com quase tudo o que disse embora relativamente aos donativos para o projecto peso que embora não seja correcto pedi-los pois não é esse o objectivo do projecto, deveriam estar abertos a aceita-los pois se existe quem queira contribuir para a melhoria e desenvolvimento do mesmo porque devemos vetar esse direito a essa pessoa?
Abraço
Pedro Queirós